quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os interesses por trás das hidrelétricas da Amazônia


O governo federal tem um plano ambicioso para Rondônia. E não se trata só das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em construção no Estado, com capacidade para gerar 6% da energia do Brasil. O arranjo é maior. Se tudo ocorrer conforme o projeto inicial, outras duas barragens serão erguidas ali. Além de uma hidrovia para ligar o país à Bolívia. O rio Madeira se transformaria num corredor importante de comércio para conectar o Brasil aos países da América do Sul. E abriria um canal – hoje inexistente – para escoar os grãos produzidos no vizinho e no Mato Grosso. A despeito da grandiosidade do projeto, pouca gente o conhece.
As hidrelétricas do rio Madeira sempre foram controversas. Primeiro porque alagam uma área de floresta e deslocam os ribeirinhos de suas casas. Segundo pelas próprias características do rio. O Madeira carrega em suas águas uma quantidade atípica de sedimentos, que pode prejudicar as usinas. Em épocas de cheia, arranca árvores de suas bordas e as leva correnteza abaixo (daí seu nome). Isso pode destruir as turbinas de geração. Quando o governo anunciou as hidrelétricas, os ambientalistas ficaram com os ânimos exaltados. As obras foram, inclusive, apontadas como o principal motivo da saída do governo da senadora Marina Silva (PV), então ministra do meio ambiente. Ela batia de frente com o Ministério de Minas e Energia ao discordar da construção sem critérios. E sua permanência se tornou insustentável diante da postura do governo de manter o plano.
Diante da polêmica, não interessava ao governo bancar sua decisão de erguer o complexo todo. Nem mesmo espalhar aos quatro ventos que, além de duas hidrelétricas, pretendia construir mais duas usinas – Abunã-Guayaramerín, na fronteira com a Bolívia, e a barragem Esperanza, já na Bolívia – e uma hidrovia (ver mapa). “O licenciamento de outras grandes obras geraria ainda mais atrito”, afirma o sociólogo Luis Fernando Novoa, professor da Universidade Federal de Rondônia. “A opção do governo foi separar o complexo hidrelétrico da hidrovia para facilitar o financiamento das obras e a formação do consórcio. E tentar conter uma crise política”

Orm

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