quinta-feira, 30 de junho de 2011

Quem tem medo da redivisão estadual?

Já se vão 28 anos quando opinei sobre a divisão do território paraense. O artigo publicado por mim em o Jornal O Liberal de 16.01.83, compartilhava com as idéias do então nobre deputado estadual Osvaldo Melo que também apreciava o mesmo assunto. Até antes dessa data, esse articulista já era de acordo com a divisão do Pará em dois grandes Estados, tendo como linha demarcatória o rio Xingu, com Belém sendo a capital do Leste e Santarém do Oeste.
Lembro-me que naquela época o então prefeito de Santarém declarava, no mesmo jornal, que se dava início, a todo o Baixo e Médio Amazonas, uma extensa campanha de conscientização, no sentido de explicar a população daquela região sobre a importância política, econômica e administrativa que teria um acontecimento dessa envergadura para o bem-estar de cada habitante, da Amazônia, e que cada um se tornasse um agente de pressão junto às bancadas dos partidos políticos e do governo federal, conseguindo assim, o total apoio a essa causa que já vem desde o tempo do império e da república, conforme relatado em Mattos, Meira (1980, p. 67).
Senhores e Senhoras! Façamos de maneira sucinta, uma radiografia sócio-econômica do nosso Estado, e sobre iniciativas libertadoras, em outros países, que se adiantaram em delinear seus territórios, visando uma eficiente e mais rápida articulação de todo o seu interior com suas costas oceânicas. Façamos esse VER analítico, precisamente neste momento que o polêmico assunto “redivisão” vem à tona com toda força, com um ímpeto definitivo que choca alguns habitantes da região, mesmos ao mais letrados, talvez por não estarem acostumados a análises frias, não emotivas, desapegadas de regionalismo, municipalismos, bairrismos, características essas que, à vezes, aparecem revestidas de números e fórmulas mágicas, dentro daquele sistema puramente matemático e determinístico de projetar e planejar o futuro, que na prática só levou a erros e a fracassos a economia como um todo, justamente porque sempre faltou imaginação acerca das aptidões diferenciadas para áreas com características diferentes.
No que concerne ao planejamento é bom lembrar que em países desenvolvidos ele é feito atualmente com base em “cenários exploratórios” que leva em conta fatos em andamento, atores no jogo de interesses, condicionantes do futuro, atividades benéficas e prejudiciais à natureza e, principalmente, as perspectivas que se abrem para os habitantes com as mudanças políticas e administrativas. A técnica de cenários, diferentemente do modelo determinístico, prioriza mais as tendências globais, as variáveis de peso, o cruzamento de todas as variáveis qualitativas para saber a influência de uma sobre as outras, e assim, seleciona atividades adequadas para determinada região e planeja o futuro por similitude e analogia e não por números puramente matemáticos. Até a projeção da população com certeza não trabalha só com números, mas se vale de fatos e tendências.

Notapajos

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