segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Baixos salários e estrutura precária causam "apagão médico" no Norte e Nordeste


Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), existem 334 mil médicos atendendo aos 185 milhões de brasileiros. Os números são de 2010 e apontam para uma média de um profissional para cada 578 habitantes, bem acima do mínimo preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que indica um médico para grupos de 1.000 pessoas.

A situação é ainda mais grave quando confrontados dados regionais. No interior de Estados como Amapá, Amazonas e Roraima, essas médias caem a índices inferiores a um médico para cada 8.000 habitantes, abaixo de Guiné Bissau (que tem um profissional para cada 8.333 pessoas), país subdesenvolvido da África.
Se divididos índices das capitais e do interior, o percentual mais baixo de médicos é registrado longe da capital de Roraima, Boa Vista. Com uma população de 166 mil pessoas, os 14 municípios do interior do Estado contam com apenas 15 médicos –o que dá uma média um profissional para cada 11.077 pessoas. Amapá (um médico para cada 9.290 habitantes), Amazonas (8.940) e Maranhão (6.437) também têm índices similares ao de países africanos.
Procurada pelo UOL Ciência e Saúde, a Secretaria de Saúde de Roraima informou que o Estado tenta dar melhores salários aos profissionais que escolhem o interior para trabalhar. “Uma alternativa encontrada é fazer concursos públicos direcionados aos municípios, com uma proposta salarial diferenciada, a fim de que os profissionais possam se sentir motivados e valorizados, no intuito de não requererem transferência de local”, informou.      
Ainda segundo o órgão, os 14 municípios são atendidos não só pelos 15 profissionais que moram no interior, mas também por outros 56 contratados. “Em média, a maioria dessas localidades conta com dois médicos atendendo, mas esse número pode chegar a oito, como em Mucajaí e seis em Pacaraima”, afirmou.
para o movimento sindical médico, a interiorização está se tornando mais difícil a cada dia por conta dos baixos salários ofertados e das más condições de trabalho. Segundo o 1° vice-presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), Wellington Moura Galvão, os médicos sofrem pelo atual “sub-financiamento da saúde”, que é um problema nacional, com reflexos mais graves nas pequenas cidades.
“O que falta é uma valorização da atividade médica. Hoje se paga a um médico no Nordeste, por exemplo, uma média de 10 salários mínimos (R$ 5.450) no PSF, quando o pactuado no programa era de 30 salários (R$ 16.350). Querem pagar mixaria sem dar condições éticas de trabalho. Assim, não vão interiorizar nunca”, alegou Galvão.

Uol

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